quinta-feira, outubro 30, 2008


Um sopro de longe. Seu passado foi paixão e um sono profundo, lugares impossíveis de respirar. Paciência, eram vários ritmos diferentes, várias formas de sentir, de agir. O dia nascera escuro. Um trago pra espantar a ansiedade, água gelada pra despertar o corpo cansado, o poeta sentado na janela olhando a chuva cair. "Um coração pra dividir", ele divaga, "e uma canção para repetir várias vezes pra animar a mente fechada". Ela no topo mais alto da montanha, ela da pedra mais alta, ela no chão desenhando um nome, ela flertando a linha do horizonte, em segredo. Sem forçar, construindo o laço de confiança e respeito. Ela com ela, ela com eles. Sussurrando com pudor um dia perfeito, ocupando espaço, ocupando a cabeça. Contagem regressiva, ela veste a fantasia. O veneno está em todo lugar.

sexta-feira, outubro 03, 2008

Eu vejo um riso amordaçado, morto. Unhas cerradas, olhos perdidos. Vejo uma lágrima sorteada, uma voz escurecida. De tempo em tempo você cai, você rasga, você retorna. Usando a ponta do dedo você sublinha o céu, construindo asas em sonhos, sobrevoando cadáveres incediados, respirando milhas e milhas de concreto. Chove seringas dos corpos estendidos na linha de frente, moradias enraizadas e amaldiçoadas pelo que sustenta seu chão. Sombras infectadas me acompanham, eu o vejo pincelando cores fortes, olhos estufados, vermes famintos contruindo sua forteleza. A sensação claustrofóbica do sangue pulsando nas veias, gritos de um anjo sodomizado, folhas deslizando a pele, trincando os dentes em orações. Respirando baforadas de satisfação, o demônio criando espaços abertos, dando terras vazias. Alucinações lúcidas, insanidade sadia, corpos nus sugando todas as razões, todos os significados. Decifrados e abusados, eu vejo o divino em todo lugar.