domingo, junho 08, 2008

Do filme "Em Paris".

- Um antigo lamento, tão antigo que ela provalvelmente sentiu isso pela primeira vez em outra vida.Na idade média ou nos tempos de adoração de reis.Desde então, veja você, essa tristeza voltava regularmente.Era impossível pra ela escapar disso.Inútil.Ela os chamava de Dias de Pranto.Ela os recebia com risos, como primos.Seus olhos ficavam úmidos.Eu poderia tê-la estrangulado naqueles dias, não sendo capaz de ajudá-la.Eu me sentia tão humilhado.Como se ela estivesse testando minha impotência contra as dores dos outros.

- Então ela chorava pra te irritar?

- Não era contra mim.Ela apenas chorava.Como um Buda ou alguma outra divindade.É impossível para os outros admitir ser capaz de chorar desse jeito.Com aquele sorriso.Eu juro, antes dessa angústia, o espanto reinou em nossa casa.Ela era linda e alegre.Tudo com ela acontecia em comunhão.Entende o que quero dizer?Ela compartilhava tudo.Sim, seus Dias de Pranto... Acho que aqueles antigos sofrimentos a mataram.Acho que de um modo geral, nós subestimamos grosseiramente nosso pesar.Sem dúvida, nós sempre morremos de tristeza.

- Você quer dizer que a tristeza é colocada dentro de nós ao nascermos?

- Sim.

- Como a cor dos olhos?

- É.Exatamente.É por isso que isso precisa de nosso cuidado.Mas os outros não podem fazer nada.Ninguém pode fazer nada sobre a cor dos olhos.Além disso, eu acho que é justo deixar você cuidar da sua tristeza sozinho.