terça-feira, outubro 27, 2009

Somos todos filhos do mesmo amor, assistimos a mesma loucura.

Ele vai usar as mesmas mentiras pra se livrar, porque ele acredita que não mereça tanta afeição. Confrontando pra negar, ele fecha-se a tentativa de silenciar e viver da melhor forma possível, porque é possível, mas seria fácil demais.

Santuário da loucura, bilhetes nas paredes dizendo por onde começar, que portas abrir, que portas fechar. Sua velha juntando tudo que não havia mais como reparar, "danos demais", ela disse.

Da forma mais patética perguntando por aí seus desejos, e anotando opções de sonhos, patético!


Ela sabe como usar as palavras, ela é muito segura de si, porque quanto mais ela tem, menos ela dá, e menos ela é, e será.

Ele não vai retornar a ligação, ela não vai te amar mais do que aquelas ensaiadas palavras.

"É tanta vida em mim que parece que vou explodir", e ela chora, porque sofre, e sofre porque entende. Tenta da sua melhor forma carregar tanta vida, PORQUE A ESTRELA SÓ SE REVELA MORTA, e deu sua outra face, e o fogo alimentou-se de suas mãos, e diz ter morrido várias vezes, mas não morreu.

E eles sofrem PORQUE A ESTRELA SÓ SE REVELA MORTA.

E Narciso nunca se perdoou, porque a distância se tornou longa demais.

sábado, outubro 03, 2009

Eu tenho três corações. Lembro tristemente que poderia ter feito o castelo maior, subido mais alto. Tive o amor seguido de palavras desajeitadas. Imagino o passado e desejo tê-lo em mim, como uma sombra. Acreditar nele, apesar de me assegurar a uma distância segura.

sexta-feira, outubro 02, 2009

Do curta: O velho, o mar e o lago.



"Um monge me dizia: Ó mocidade, és relâmpago ao pé da eternidade! Pensa: o tempo anda sempre e não repousa.Esta vida não vale grande cousa: - uma mulher que chora, um berço a um canto,o riso às vezes, quase sempre o pranto... Quatro círios acesos, eis a vida! Isto me disse o monge e eu continuei a ver dentro da própria morte, o encanto de morrer. Um sábio me dizia: Esta existência não vale a angústia de viver. A ciência, se fôssemos eternos, num transporte de desespero, inventaria a morte! Uma célula orgânica aparece no infinito do tempo: e vibra, e cresce, e se desdobra, e estala num segundo... Homem, eis o que somos neste mundo! Falou-me assim o sábio e eu comecei a ver,dentro da própria morte, o encanto de morrer. Uma mulher me disse: - Vem comigo! Fecha os olhos e sonha, meu amigo! Sonha um lar, uma doce companheira, que queiras muito e que também te queira... Um telhado... Um penacho de fumaça... Cortinas muito brancas na vidraça... Um canário que canta na gaiola... - Que linda a vida lá por dentro rola! Pela primeira vez, eu comecei a ver, dentro da própria vida o encanto de viver!".


"...E eu sou o nada. De vez em quando dá uma vontade de morrer. E me falta coragem pra morrer. Há muito tempo eu não creio mais. Nem em mim, nem no demônio, nem em Deus. Eu sou um espantalho. E Deus é o diabo. E meu diabo sou eu. E eu quero gritar. Eu quero gritar.Eu quero gritar!".


"Sonhamos. Quando, um dia, eu for velhinho, Hei de encontrar-te, velha no caminho... E juntos, cambaleando, aos solavancos, Nós levaremos, pela tarde calma, Todo uma primavera dentro da alma, Todo um inverno de cabelos brancos...".

Guilherme de Almeida.