segunda-feira, abril 05, 2010

Existia Pedro, e os fantasmas. E fulano gritara: "Está ferrado?! Chama Pedro, ele resolve". E tinha as doses, não poderia esquecer seu corpo padecendo, a música alta e a boca seca, aberta. Havia o quarto. A fileira de ação, suspense, drama e o terror na cama vazia no canto do quarto. Terços em pregos na parede, onde sua falecida mãe relutava em orações a suspeita de mais um perdido, mais um esquecido. Remédios e um copo d'água ao lado da cama, roupas em cadeiras, fotos amareladas, algumas datadas, outras de tempos que nunca chegaria a recordar (não ousaria), amareladas e borradas, dando contraste a uma tristeza absoluta, quase palpável. E fora dali existiam os outros, os desfocados, contracenando uma nova cena no inferno, desafiando a sorte em abraços às cegas. E então existia Pedro, quieto como um fantasma, como um santo, na mesma velha mesa, na entrada da velha casa, retocando o passado... Esperando, esperando, esperando, esperando, esperando.

3 comentários:

Anônimo disse...

existe uma sensação ideal?
apaixonante pedro.
ele érelutante.
mesmo sem saber que seu maior inimigo é sua essencia.

Igor Von Richthofen disse...

Os quartos sem companhia, as camas vazias presentes que te encaram e todos os detalhes distantes espalhados pelo comodo formam uma solidão deslocada de muitos Pedros que não podem entender pois ja doi mais do que se possa imaginar ficar em conflito com esse inimigo interno que Pedro enfrenta sempre...esse Pedro que ele tem que encarar.

L. Fernando Rintrah disse...

Existia Sara
e
todos
os nossos fantasmas.

(há tempos não conversamos, mas sempre visito sua casa.)