terça-feira, julho 21, 2009

Diário do ócio.

Escuto a mesma música a tarde inteira, o cinzeiro entrega minha ansiedade e só me resta rastejar até a cama. Então desejo a estrada, o coração mais fácil e o lance mais barato. E deitada tenho saudade. O céu provoca acinzentado, não tenho fome, não tenho sono, o telefone não toca, a chuva ameaça cair forte. A cena não acaba. EU penso nele, ele pensa em mim. Eu vou até minha cama arrumar o estrago da noite passada, e meu coração aperta e não sei como parar. Posso tentar, mas não acredito. O fósforo acaba e o céu escurece. Cato fósforos embaixo do fogão encardido, olho a geladeira, vou até a varanda ver se o vento parou apenas no quarto. Em vez de ler prefiro olhar o canto sujo da porta do banheiro, e noto que o papel acabou, o shampoo também. No chuveiro pulo, pulo e pulo, a água fria me desperta. A inquietação de que logo algo acontecerá não me deixa dormir, eu ando, eu paro, eu vou até a janela, vejo uma senhora pegar uma toalha na varanda da casa da frente, ela me nota. Ligo o som e lavo os pratos. Sigo aflita. Eu ligo, dá desligado, eu ligo, dá desligado, eu ligo, dá desligado, ligo só mais uma vez e paro.

2 comentários:

Anônimo disse...

digno de um curta LONGOOOOO

adorei
beijo

L. Fernando Rintrah disse...

Realmente, no momento, sem comentários realmente dignos...
Procuramos os detalhes na esperança de um brilho qualquer em algum dos cantos deste frio quarto de nossas tentativas frutradas...
Não dizem que é mesmo nos detalhes que vive o diabo?
Muito bom!
(é parte talvez de algo maior??)