sexta-feira, setembro 03, 2010
Sentia falta dos violentos acessos de loucura, incendiando o último coração da noite. Observara seus sonhos virarem cinzas quando o amanhecer se alinhara e sabia que havia muito a dar. Sentia falta do alento de salvação e saudação a quem se aproxima sem receio. Engolira pílulas enviadas por um homem santo, e roubado um sorriso do céu, agradecendo. Em sua cama, ainda exalando o cheiro forte das noites passadas, se observou linda. Seu rosto iluminara o espelho do teto, revelando sua dedicação nas manchas amareladas no lençol da cama. Véus e rosas cairam em seu corpo despido, machucado, e ela não ousaria despertar. Num momento divino o teto virara céu, e a puta da noite roubou mais um sorriso, grata. Todo dia um novo estigma, e um majestoso alvorecer. Tornara-se tão boa, tão cheia de luz e satisfação, que a puta do céu, deleitada, se viu a única.
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Um comentário:
Belo texto de crueldade sutil Sara. Um corte de precisão cirurgica numa alma solitaria.
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