terça-feira, novembro 30, 2010

Não importa onde olhar,
São os olhos da minha invenção,
Feitos para esquecer.
Não importa como consumar,
Não! O final causa náusea e espanta a razão.
Suplico para não apagar-me,
Pois ainda desejo a noite ludibriosa, e minha juventude,
Misteriosa e impulsiva, como um amante.
Grito em silêncio,
Para não parecer ingrata,
Então resgato meus filhos não-nascidos,
Desenterro minha casa nunca erguida,
E me vejo em outros corpos,
Lamentando dores de outras vidas.
Corpos vulneráveis demais,
Revivendo na minha pele seus anseios.
Vejo a menina dos olhos do pai, eu retorno.
Mamãe tem tentado saltar dessa vida,
E tenho assistido seu olhar alheio,
Sua boca deformada, seca.
Eles, os desordeiros, de asas extraordinárias, vistosas.
Todos inimigos, prontos para despedaçar minha vida.
E você dos olhos negros,
Que pulsa em mim como um estigma,
Tem pensado em mim?
Fecho os olhos e não há como agarrar,
Foges assim até em sonho.
Vasculho e bagunço meu interior,
Destruo minha criança,
O forro dos meus segredos.
Lágrimas forçadas tantas vezes,
Lágrimas vermelhas,
Lágrimas no sol,
Lágrimas num sonho,
Nenhuma gota.
Nem para alimentar.
Amaldiçoa-me, lhes suplico.

Um comentário:

Anônimo disse...

essa foi foda Sara. gostei demais.
demais mesmo.
parece o som do seu coração ritmado a palavras verdadeiramente dificeis de se olhar.
um espelho que por não estar qebrado deixa tudo mto claro e nitido.