segunda-feira, novembro 16, 2009
“que venha o mais vazio e me encarrego de entrar”, divaga ela. Movimentada pela saudade, queria sentir a água molhar suas roupas, prender a respiração no fundo, imaginar sendo feita d'água. Paralisada, escutando as vozes abafadas, os risos dando um contraste à sua vida. Mas quando abriu os olhos estava no ponto final, nas profundezas da cidade, encharcada.
terça-feira, outubro 27, 2009
Somos todos filhos do mesmo amor, assistimos a mesma loucura.
Ele vai usar as mesmas mentiras pra se livrar, porque ele acredita que não mereça tanta afeição. Confrontando pra negar, ele fecha-se a tentativa de silenciar e viver da melhor forma possível, porque é possível, mas seria fácil demais.
Santuário da loucura, bilhetes nas paredes dizendo por onde começar, que portas abrir, que portas fechar. Sua velha juntando tudo que não havia mais como reparar, "danos demais", ela disse.
Da forma mais patética perguntando por aí seus desejos, e anotando opções de sonhos, patético!
Ela sabe como usar as palavras, ela é muito segura de si, porque quanto mais ela tem, menos ela dá, e menos ela é, e será.
Ele não vai retornar a ligação, ela não vai te amar mais do que aquelas ensaiadas palavras.
"É tanta vida em mim que parece que vou explodir", e ela chora, porque sofre, e sofre porque entende. Tenta da sua melhor forma carregar tanta vida, PORQUE A ESTRELA SÓ SE REVELA MORTA, e deu sua outra face, e o fogo alimentou-se de suas mãos, e diz ter morrido várias vezes, mas não morreu.
E eles sofrem PORQUE A ESTRELA SÓ SE REVELA MORTA.
E Narciso nunca se perdoou, porque a distância se tornou longa demais.
Ele vai usar as mesmas mentiras pra se livrar, porque ele acredita que não mereça tanta afeição. Confrontando pra negar, ele fecha-se a tentativa de silenciar e viver da melhor forma possível, porque é possível, mas seria fácil demais.
Santuário da loucura, bilhetes nas paredes dizendo por onde começar, que portas abrir, que portas fechar. Sua velha juntando tudo que não havia mais como reparar, "danos demais", ela disse.
Da forma mais patética perguntando por aí seus desejos, e anotando opções de sonhos, patético!
Ela sabe como usar as palavras, ela é muito segura de si, porque quanto mais ela tem, menos ela dá, e menos ela é, e será.
Ele não vai retornar a ligação, ela não vai te amar mais do que aquelas ensaiadas palavras.
"É tanta vida em mim que parece que vou explodir", e ela chora, porque sofre, e sofre porque entende. Tenta da sua melhor forma carregar tanta vida, PORQUE A ESTRELA SÓ SE REVELA MORTA, e deu sua outra face, e o fogo alimentou-se de suas mãos, e diz ter morrido várias vezes, mas não morreu.
E eles sofrem PORQUE A ESTRELA SÓ SE REVELA MORTA.
E Narciso nunca se perdoou, porque a distância se tornou longa demais.
sábado, outubro 03, 2009
sexta-feira, outubro 02, 2009
Do curta: O velho, o mar e o lago.
"Um monge me dizia: Ó mocidade, és relâmpago ao pé da eternidade! Pensa: o tempo anda sempre e não repousa.Esta vida não vale grande cousa: - uma mulher que chora, um berço a um canto,o riso às vezes, quase sempre o pranto... Quatro círios acesos, eis a vida! Isto me disse o monge e eu continuei a ver dentro da própria morte, o encanto de morrer. Um sábio me dizia: Esta existência não vale a angústia de viver. A ciência, se fôssemos eternos, num transporte de desespero, inventaria a morte! Uma célula orgânica aparece no infinito do tempo: e vibra, e cresce, e se desdobra, e estala num segundo... Homem, eis o que somos neste mundo! Falou-me assim o sábio e eu comecei a ver,dentro da própria morte, o encanto de morrer. Uma mulher me disse: - Vem comigo! Fecha os olhos e sonha, meu amigo! Sonha um lar, uma doce companheira, que queiras muito e que também te queira... Um telhado... Um penacho de fumaça... Cortinas muito brancas na vidraça... Um canário que canta na gaiola... - Que linda a vida lá por dentro rola! Pela primeira vez, eu comecei a ver, dentro da própria vida o encanto de viver!".
"...E eu sou o nada. De vez em quando dá uma vontade de morrer. E me falta coragem pra morrer. Há muito tempo eu não creio mais. Nem em mim, nem no demônio, nem em Deus. Eu sou um espantalho. E Deus é o diabo. E meu diabo sou eu. E eu quero gritar. Eu quero gritar.Eu quero gritar!".
"Sonhamos. Quando, um dia, eu for velhinho, Hei de encontrar-te, velha no caminho... E juntos, cambaleando, aos solavancos, Nós levaremos, pela tarde calma, Todo uma primavera dentro da alma, Todo um inverno de cabelos brancos...".
Guilherme de Almeida.
domingo, julho 26, 2009
terça-feira, julho 21, 2009
Diário do ócio.
Escuto a mesma música a tarde inteira, o cinzeiro entrega minha ansiedade e só me resta rastejar até a cama. Então desejo a estrada, o coração mais fácil e o lance mais barato. E deitada tenho saudade. O céu provoca acinzentado, não tenho fome, não tenho sono, o telefone não toca, a chuva ameaça cair forte. A cena não acaba. EU penso nele, ele pensa em mim. Eu vou até minha cama arrumar o estrago da noite passada, e meu coração aperta e não sei como parar. Posso tentar, mas não acredito. O fósforo acaba e o céu escurece. Cato fósforos embaixo do fogão encardido, olho a geladeira, vou até a varanda ver se o vento parou apenas no quarto. Em vez de ler prefiro olhar o canto sujo da porta do banheiro, e noto que o papel acabou, o shampoo também. No chuveiro pulo, pulo e pulo, a água fria me desperta. A inquietação de que logo algo acontecerá não me deixa dormir, eu ando, eu paro, eu vou até a janela, vejo uma senhora pegar uma toalha na varanda da casa da frente, ela me nota. Ligo o som e lavo os pratos. Sigo aflita. Eu ligo, dá desligado, eu ligo, dá desligado, eu ligo, dá desligado, ligo só mais uma vez e paro.
segunda-feira, junho 29, 2009
Ela chora na sala os abraçando, diz amá-los, eles acreditam. Ele fode no quarto com violência, ela tenta fazer com mais ternura. "Um pouco de atenção", ele divaga deitado imaginando a próxima impressão, e seu corpo esguio já mostra sinais de cansaço. A tosse exagerada causa espanto. Observa a verdade nos quartos compartilhados, um ode à lambança! Discutem o amor, não chegam a conclusão alguma.
segunda-feira, abril 20, 2009
domingo, abril 19, 2009
quinta-feira, fevereiro 05, 2009
Sentia-se tão acessível que poderia assistir sua própria desgraça e não reagir. Juntar todos os pedaços e construir algo, o que quer que fosse. Ela trava uma batalha sem fim, com olhos baixos ela fita o horizonte em segredo, pronta pra se mandar. Seus melhores dias estão por vir, ela não imagina. Cansada da disputa, ela quase sempre cede. Trabalhou o coração há muito tempo, e controlou a respiração. Deixou-se levar por tudo que deixara há muito tempo de acreditar. Ela estava pronta, ela queria sentir tudo pela primeira vez, queria de todo coração.
(Fotografia de Nan Goldin)
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